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Formação com as Pretas Simoas

15/11/2014 12:16

"Não se trata que o negro seja racista com o semelhante ou que a nossa sociedade se tornou mais racista atualmente. Na verdade é que somos racistas há séculos devido ao processo histórico de colonização do Brasil e a manipulação da história por uma classe branca . A visibilidade que a luta antirracista obteve recentemente, é que hoje possibilita que o negro não tenha mais medo de apontar e denunciar o racismo, . E nessa empreitada, todos podem (devem!) contribuir, pois não se trata de uma luta de um grupo por interesses específicos, mas sim, por uma sociedade mais justa, que trate os diferentes de forma desigual para que possam alcançar os direitos assegurados." Lucas Alves

Uma das muitas lições que aprendemos na Formação com as Pretas Simoa

Café de Apresentação do MUDEM

13/11/2014 00:00

Em dialógos com estudantes da Universidade Federal do Cariri onde apresentamos o MUDEM e compartilhamos com todos a nossa caminhada. Com uma fala coletiva os membros do movimento falaram de si e sobre a sua percepção diante da problematica da violência contra a mulher, então expondo as nossas dificuldades e conquistas ampliamos o convite para construção dessa ação aos alunos e servidores que estavam presentes.

www.youtube.com/watch?v=CAatCJGV9gc

 

Café Deabate Mostra UFCA

30/10/2014 00:00
Por Hewerton Henrique 
 
Aconteceu ontem, durante a Mostra UFCA, um debate sobre a inserção da mulher na política nacional. Realizado pelo grupo MUDEM (Movimento Universitário em Defesa da Mulher) em conjunto com o Paidéia- Cidade Educadora, o Evento reuniu três mediadoras que falaram sobre pontos importantes relativos à adição da mulher, historicamente deixada de lado, na participação política, seja ela representativa ou não.
Mara Guedes, ex-vereadora e uma dos precursores do PT na região do Cariri, militante política e feminista, fez uma contextualização sobre os problemas enfrentados pela mulher na política. Um problema que, segundo o que foi exposto, não é sanado com a elevação de mulheres a cargos políticos. Vai muito além, pois, entre outras coisas, há uma preocupação sobre quem essa mulher vai representar, pois ela pode estar lá para ser representante de uma cultura machista, como a ‘’mulher de políticos conservadores’’. O espaço político é masculino, o desafio para as mulheres é se inserirem nesse espaço sem deixar de ser femininas. Karla Jaqueline incluiu no debate a questão da mulher negra que é bandeira levantada pelo grupo ao qual participa, o Movimento de Mulheres Negras: Pretas Simoa. Segundo ela, os problemas enfrentados por uma mulher negra são específicos, diferente dos problemas enfrentados por mulheres brancas, portanto, as próprias mulheres têm que entender tais especificidades, não deixando de lado questões que são inerentes a uma sociedade historicamente marcada pelo machismo. As mulheres negras fizeram parte da construção da sociedade feminina (e sociedade como um todo) e não são tratadas como iguais, por vezes, nem no próprio âmbito feminista. Não devemos virar as costas para isso. Nicole Oliveira inseriu em sua fala experiências pessoais, de como, por ser mulher, foi maltratada na universidade por grupos machistas da USP. Formada em direito e integrante do grupo RUA- Movimento de Juventude Anticapitalista, ela acredita no feminismo, mas é consciente de que o movimento tem que mudar bastante, pois peca, inclusive, muitas vezes pela não inclusão da mulher negra em suas pautas. Para ela, a questão de gênero está diretamente ligada a questões de desigualdades geradas pelo capitalismo. A desigualdade é força motriz do Capitalismo, logo, o sistema ganha com Machismo e outras desigualdades.

 

Depois da fala de cada uma, houve um debate, em que várias das pessoas presentes do evento participaram, inclusive, alguns homens. Perguntavam sobre as relações separatistas entre as próprias mulheres, propostas de políticos conservadores, entre outros pontos. Em alguns deles houve divergências de ideias, da forma que pede um bom debate. O evento começou por volta das seis da noite e terminou perto das dez! E só acabou porque tinha que acabar, já que ainda estava rendendo. Á medida que os presentes participavam do debate, eles podiam se servir com café, leite e pão de queijo.

POLITICAS PÚBLICAS DE COMBATE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: AVANÇOS E PERSPECTIVAS

28/05/2014 03:34

Por Levy Fernandes

 

 

No dia 28 de Maio de 2014, as 15h05min horas foi realizada na sala 87 da UFCA,  uma roda de conversa com a temática: “politicas publicas de combate à violência contra a mulher: avanços e perspectivas”. Estiveram presentes: membros da equipe 03 da TTC, intitulada MUDEM, o publico em geral e demais pessoas convidadas para compor a mesa.

A discente e membro da equipe do MUDEM Elissandra Carvalho expos a importância do tema e explanou a ideia geral da TTC, a mesma apresentou o professor Eduardo Cunha enquanto tutor da equipe, este por sua vez realizou uma breve fala expondo a importância da realização da roda de conversa, bem como recepcionou os convidados e o público em geral. Após a fala do professor Eduardo Cunha, Elissandra convidou os membros a compor a mesa. Após a formação da mesma foi realizada a exposição de um vídeo produzido pelos alunos da equipe TTC, como forma de instigar o diálogo entre os presentes.

 

Abordagem realizada pela mesa:

A estudante Alana Maria inicia sua fala expondo a forma como as mulheres são tratadas em relação aos homens na sociedade, a mesma ressalta o fato de que, muito embora homens e mulheres possuam os mesmos direitos perante a lei, e considerando ainda que mesmo que ao longo dos anos as mesmas tenham conquistado a sua independência financeira, ainda é possível observar que no dia-a-dia a efetivação de tais direitos não ocorre de forma igualitária, à violação dos direitos das mulheres ainda é um fator recorrente na sociedade.

Associado a esta problemática Alana Maria, vem colocar o patriarcalismo enquanto fator contribuinte para tal situação, bem como as expressões do capitalismo onde muito embora homens e mulheres desenvolvam a mesma atividade comercial, ambos recebem remunerações diferentes, e o homem ganha mais que a mulher. A mesma ressalta ainda a mídia, como sendo um fator negativo, considerando que esta vem realizar exposição do corpo da mulher de forma negativa, por meio da comercialização do corpo feminino na atualidade e dos mais variados tipos de preconceito e violências às quais as mulheres são submetidas assim como a violência contra os travestis e sua exclusão no âmbito social, bem como os preconceitos referentes a crimes sexuais cometidos contra lésbicas e transexuais.

No que compete a temática do patriarcado e sua manutenção, esta ressalta o fato de que nos dias atuais a mulher tem de se sujeitar as vontades dos homens devido a sua posição enquanto membro da sociedade.  Foi ressaltado ainda que o feminicídio apresenta estimativas elevadas, e a região do Nordeste é ainda onde se mata bastantes mulheres, com foco no Cariri que continua com uma media alta de feminicídios. Recentemente foi feita uma frente no Cariri, com muitas militantes na luta pela contra a opressão de gênero, sexualidade e cor, combatendo o sistema capitalista e patriarcado, tendo encontros semanais para estudo, o encontro acontece só com mulheres e também é intercalado com encontros mistos, e este busca interferir nas cidades e território, um exemplo desta ação, será um ato que acontecerá na cidade de Barbalha-CE no dia 01/06/2014, que terá como tema "combate a violência contra a mulher".

A delegada Kamila realizou uma abordagem acerca da origem e forma de atuação da Lei Maria da Penha, bem como sobre as diferentes formas de violência que são referenciadas nesta lei, sendo essas: a violência física, que ocorre por meio da agressão física, corporal; a violência psicologia, que acontece diariamente por meio de ameaça por parte dos homens perante as mulheres e que as frases de afronta são também características desse tipo de violência; a violência moral caracterizada quando o homem vem a desmoralizar a mulher, com palavras de baixo calão, difamando-a, acusando-a de traição; a violência patrimonial ocorre quando o homem se apropria indevidamente dos recursos materiais e econômicos que a mulher possui e resulta por deixa-la sem recursos financeiros; e por fim a violência sexual, segundo a delegada os casos de violência sexual não são atendidos na delegacia onde a mesma atua, pois esta investiga apenas os casos de estupro domestico, aqueles praticados onde a filha é estuprada pelo pai ou padrasto ou por alguma pratica de ato libidinoso com as filhas e esposa, e isso acontece de forma recorrente. Para atuar a delegacia só pode investigar se houver a denuncia por parte da mulher, a violência sexual não é somente a introdução da vagina, é sexo anal, oral, ou qualquer ato libidinoso.

A presidente do conselho da Mulher Francisca esta há 21 anos como membro do conselho que hoje é referencia no Estado do Ceará a mesma retratou que o machismo tem que diminuir na sociedade, e que os homens tem que entender que possui a mesma obrigação das mulheres nos deveres do dia a dia. Além disso, expos a forma como o conselho se articula no que compete aos casos de violência contra a mulher que como a mesma ressalta ocorre diariamente. Nessa perspectiva a mesma ressalta a importância das ações desenvolvidas pelo  Conselho da Mulher ,seja no encaminhamento as vitimas para abrigo em Fortaleza, seja no atendendo as mães e filhos. Finalizou exaltando que tudo que se poder fazer para evitar a violência deve ser feito, seja por meio de denuncias ou mobilizações sociais.

Alexandre Nunes é professor da UFCA e Coordenador do Grupo de Gênero e Mídia na referida instituição, este realizou uma exposição da conjuntura atual acerca da temática abordada, este ressalta ainda que a mídia tem atrapalhado as tentativas de mudanças dos paradigmas em relação à violência de gênero no país, assim como as questões referentes à diminuição dos valores dados a mulher em relação ao homem na sociedade e as mais diversas formas de preconceito perante transexuais e mulheres de modo geral , na concepção do mesmo a forma como a mídia apresenta tais fatos contribui para o estimulo ao preconceito e a violência contra a mulher.

 O professor realizou ainda uma abordagem acerca da causa LGBTT, onde esse ponto que muito embora exista uma legislação que ampare a mulheres vitimas de violência, as mulheres transexuais sofre com o preconceito e a discriminação, a não serem amparadas enquanto mulheres perante a lei, essas são tratadas pelo seu sexo de nascimento, portanto são vistas como homens e por isso não se inserem nas politicas voltadas para as mulheres.

 

Percepções de outros participantes

 

Cicero discente de Engenharia de Materiais-UFCA relatou que o homem deve de fato compreender e colaborar com o desenvolvimento das mulheres e viver em companhia harmônica com ela, sem violência e principalmente com respeito.

Paulo Junior discente de Engenharia de Materiais-UFCA, expos que as pessoas deviam se envergonhar pelo fato de Maria da Penha ser lembrada apenas pela questão da  violência. Além disso, deveríamos ter respeito por todos, sejam homens, mulheres, gays. Acho uma pena no ano de 2014 estarmos discutindo a violência contra as pessoas. Discursões como essas eram pra ser desnecessárias, éramos pra estarmos discutindo não a violência, mais o que de bom que está acontecendo no respeito aos direitos coletivos. As leis que infelizmente não causam modificações e que todo cidadão deveria saber de uma coisa, o respeito mutuo, a ideias, aos pontos de vista, ter sua opinião, e que nenhum ser humano deveria se julgar superior e agredir os outros, todas sabem e menos de um terço da população não põem em pratica o que conhecem, onde as pessoas aplicam atos de truculência, não percebendo que do outro lado está um ser humano, em momento alguma vou me considerar semelhante a alguém que pratica atos de violência.

Wladiana membro do Centro de Referencia da Mulher, expõe que por mais que estejamos num mundo globalizado, de acordo com dados da ONU, a violência contra a mulher no mundo mata mais do que guerras. O machismo está presente no dia a dia, não somente nos homens mais também nas mulheres. Todos devem trabalhar efetivamente para discutir e ensinar diferente sobre o modo de viver, sem o machismo. A existência de um aplicativo de celular (Click 180) que auxilia ao combate a violência. O Centro de referencia como fundamental no trabalho com a Mulher, que irá atender mulheres vitimas de violência e trabalhar no empodeiramento destas, tendo ao dispor das vitimadas uma psicóloga para atendimento, advogados para auxiliar juridicamente as mulheres para que elas consigam sair da situação de violência, assim como do caráter preventivo que o Centro de Referencia irá proporcionar as mulheres da região.

 

Intervença na UFCA

02/04/2014 20:21

Atividade de intervenção sobre violência contra à mulher, na Universidade Federal do Cariri.

Texto escrito por: Maria Alana Soares - Estudante de Jornalismo e militante do movimento RUA


02/04/14

Nós, mulheres auto-organizadas do RUA - Juventude Anticapitalista, em conjunto com mulheres independentes e outros grupos políticos, intervimos na UFCA para alertar sobre o machismo, por vezes sutil, por vezes violento, presente em nossa Universidade. Já aconteceram muitos casos de opressões e ódio! Não deixaremos nenhum mais passar! São campanhas "mata um gay" espalhadas nas portas dos banheiros masculinos, cartazes transfóbicos, fotos e trotes fazendo alusão ao corpo da mulher como produto, mercadoria, e docentes contando piadas sexistas, com teor a naturalizar e incentivar a violência doméstica contra à mulher. 

Não passarão! 
No dia 02/04/14, maquiadas à lembrar marcas de agressão, com a intenção de sensibilizar sobre a temática, intervimos na sala de aula onde, dias antes, o professor contou piadas sexistas sobre violência doméstica. Assim que entramos na sala, vários homens saíram. Fizemos nossa exposição de ideias, caracterizamos o machismo que nos rodea e debatemos sobre os casos de opressões e a luta das mulheres contra o patriarcado por liberdade e respeito com a turma. 

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Segundo dados do IPEA, foram mais 50 mil feminicídios (crimes cometido por conflitos de gênero) entre 2001 e 2011, sendo 60% delas negras. Em dois anos, são mais de 16,9 mil mulheres assassinadas. A cada 5 minutos uma mulher é agredida no Brasil e a cada 1 hora e meia uma mulher é assassinada. Sabemos que o Nordeste é a região do Brasil mais violenta para mulheres viverem, e que o Cariri, mais especificamente, é uma das regiões que mais mata mulheres.

Diante do cenário, sabemos que a mão que levanta ao bater e a piada opressora que se ri, sem saber que não tem graça, são sustentadas por toda uma história que nos precede, por uma cultura machista e um sistema de poder patriarcal que se instala em todas as instâncias da vida. É nosso dever, enquanto mulheres e homens que desejam uma sociedade livre de opressões, combater todo caso de opressão. 

É em respeito a todas mulheres vítimas de violência física, sexual e psicológica, e na luta pelo fim do machismo e violência contra a mulher que nós, mulheres auto-organizadas do Movimento RUA! – juventude anticapitalista, dizemos (e, se for necessário, gritaremos): Machismo NÃO é piada, machismo NÃO é brincadeira, machismo MATA todos os dias nossas companheiras...