Intervença na UFCA

02/04/2014 20:21

Atividade de intervenção sobre violência contra à mulher, na Universidade Federal do Cariri.

Texto escrito por: Maria Alana Soares - Estudante de Jornalismo e militante do movimento RUA


02/04/14

Nós, mulheres auto-organizadas do RUA - Juventude Anticapitalista, em conjunto com mulheres independentes e outros grupos políticos, intervimos na UFCA para alertar sobre o machismo, por vezes sutil, por vezes violento, presente em nossa Universidade. Já aconteceram muitos casos de opressões e ódio! Não deixaremos nenhum mais passar! São campanhas "mata um gay" espalhadas nas portas dos banheiros masculinos, cartazes transfóbicos, fotos e trotes fazendo alusão ao corpo da mulher como produto, mercadoria, e docentes contando piadas sexistas, com teor a naturalizar e incentivar a violência doméstica contra à mulher. 

Não passarão! 
No dia 02/04/14, maquiadas à lembrar marcas de agressão, com a intenção de sensibilizar sobre a temática, intervimos na sala de aula onde, dias antes, o professor contou piadas sexistas sobre violência doméstica. Assim que entramos na sala, vários homens saíram. Fizemos nossa exposição de ideias, caracterizamos o machismo que nos rodea e debatemos sobre os casos de opressões e a luta das mulheres contra o patriarcado por liberdade e respeito com a turma. 

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Segundo dados do IPEA, foram mais 50 mil feminicídios (crimes cometido por conflitos de gênero) entre 2001 e 2011, sendo 60% delas negras. Em dois anos, são mais de 16,9 mil mulheres assassinadas. A cada 5 minutos uma mulher é agredida no Brasil e a cada 1 hora e meia uma mulher é assassinada. Sabemos que o Nordeste é a região do Brasil mais violenta para mulheres viverem, e que o Cariri, mais especificamente, é uma das regiões que mais mata mulheres.

Diante do cenário, sabemos que a mão que levanta ao bater e a piada opressora que se ri, sem saber que não tem graça, são sustentadas por toda uma história que nos precede, por uma cultura machista e um sistema de poder patriarcal que se instala em todas as instâncias da vida. É nosso dever, enquanto mulheres e homens que desejam uma sociedade livre de opressões, combater todo caso de opressão. 

É em respeito a todas mulheres vítimas de violência física, sexual e psicológica, e na luta pelo fim do machismo e violência contra a mulher que nós, mulheres auto-organizadas do Movimento RUA! – juventude anticapitalista, dizemos (e, se for necessário, gritaremos): Machismo NÃO é piada, machismo NÃO é brincadeira, machismo MATA todos os dias nossas companheiras...